domingo, setembro 24, 2006

dança
Marrocos . Abril 2006

Está escuro,
tenho os olhos abertos,
mas não vejo.
Ondas sonoras acariciam o meu corpo.
São ondas de valsa, mas não a ouço.
Contudo, nada estranho.
Sinto-me enfeitiçada, dentro de um sonho.
Sei que estás aí, sinto o teu odor a algas batidas pelo mar.
Desejo dançar
contigo, peço-te…

Mas não me respondes.
Crês-te flor, sem braços,
apenas desejas balançar-te ao vento.
Mas eu não sou vento.
E apetecia-me tanto envolver-me em ti.
Cobrir-me de ti.
Fundir-me em ti.
Dançar essa valsa muda como se não existisse tempo,
apenas nós e o sonho de nós,
dançando.

Mas também tu não me vês.
Crês-me brisa.
Esforças-te por te entregares a essa aragem que imaginas,
pedindo-lhe para te levar para longe.

Triste, por este nosso desencontro,

choro.
Sacio a tua sede de brisa

com lágrimas salgadas de vento sul.
É então que me transformo em vento.
Encontro-te pelo teu cheiro,
não de Gerbera,
mas de mar.
Envolvo-te com a maior leveza de que sou capaz,
e desenraízo-te da terra dos sonhos.
Elevo-te no alto, eu vento, tu flor
e dançamos a valsa do amor.

Dançamos,
rodopiamos
pela noite escura,
num abraço leve e apertado.
Olho para ti.
Recupero o sorriso
que há muito deixei cair no cinzento dos dias.
O meu olhar sorri-te.
O encantamento desfaz-se...
Não mais é noite e tu nunca te pensaste flor.

2 comentários:

O Turista disse...

Olha a "menina que também é da minha terra" :)
Tenho andado tão ocupado, só hoje visitei em condições o teu blog... adorei... prometo voltar... com regularidade! ;)
Beijos Aveirenses

O turista - http://turistar.blogspot.com/

Aldina Duarte disse...

Pensarmo-nos flores é um bom exercício para aprender a viver no momemto presente!

Obrigada pela sugestão!