quarta-feira, setembro 13, 2006

espelhos
espelhos de rua em Fez - Abril 2006

Objectos curiosos, os espelhos. Diz-se que é possível viver sem eles, mas há-os de tantos tipos..

Espelhos de rua, num mercado oriental. Todos juntinhos, reflectem quem passa. Finge-se que nem se dá por eles. Que pena não tirarem fotografias, assim, daquelas tom de sépia. Aposto que as imagens seriam bonitas.

Espelhos de quarto de banho. Não fosse o azar, às vezes dá vontade de parti-los. Brancas, rugas, panças, peitos caídos, nádegas tristes... ò castigo! Máquinas de tempo cruéis...

Espelhos de alcova, os meus preferidos. Testemunhas silenciosas de amor. Há os amantes discretos, que na penumbra se miram de soslaio. Há os amantes despudorados que, com as luzes acesas, se ajeitam para ver melhor. Há os envergonhados, que fingem que nem estão ali. Seja como for, é sempre um objecto inspirador.

Espelhos quase amigos. Aqueles a quem esvaziamos a alma e sempre concordam connosco. Não são sinceros, é certo, mas às vezes sabe bem tê-los por perto.

Espelhos enlouquecidos. Numa discussão, quando o tom de voz se altera e o rubor tinge a face, discutimos, não com o outro, mas com o nosso reflexo.

Espelhos de água. Bonitos, creio que não servem para mais nada.

E todos os outros, aqueles que, claro, são gente. Que nos mostram a exacta medida do que somos. Se carinhosos, se vaidosos, se bondosos, se egoístas, se arrogantes, se inteligentes.. Todos devolvem o nosso gesto, o nosso ser. Só que às vezes enganamo-nos e pensamos que somos outro.

Impiedosos juizes os espelhos..

1 comentário:

Aldina Duarte disse...

Por acaso ao a ler, antes de adormecer, Alice do Outro Lado do Espelho!

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Muito obrigada e até sempre!